quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poemas de Ronilton Parreira dos Santos



Fica por ficar
“Nunca”, é muito tempo
Para
se ver você voltar;
Esperar é meu tormento,
E a saudade a me matar
Vai consumindo o pensamento,
E já me vem vindo devorar,
O ar que respiro
E a luz lá
do luar
Que ilumina o caminho
Pra eu ver-te regressar,
Dando célere fim nisto
Que é difícil suportar:
O ficar sem compromisso,
O ficar sem agradar,
O ficar com tudo isso
De ficar e não amar…




Distar

O sonho, o realismo nega.
Só em sonho posso ter
Esse sonho que me cega;
Em sonho, só, posso ver…
Sonhando observo a lua,
Admiro a sua nudez.
A minha visão é sua
E a lua, minha de vez…
Perdi o que eu não tinha,
O que eu tinha sonhei.
Essa lua agora é minha;
E o sonho?… Não sei.
O que me resta compensa
Aquilo que perdi;
O luar é recompensa
Desse sonho que vivi…
Veja que imensidão
Ilumina, este sonho de luar!
Unindo-se a solidão
Desse meu jeito de amar…
Acerca o sonho e o realismo,
Sempre, a luz da razão;
Nela há um sempre abismo
Entremeio sim e não.
O amor que a lua ilumina,
Nega-me a sua visão;
É um sonho de menina,
Longe… perto… dentro do meu coração.


Eu livre de mim!

Em meio à chuva que cai,
Minha alma de mim se vai
E o relâmpago nos ilumina;
Rua afora a minha alma dança
Pulando feito criança,
Brincando na chuva fina.
Suplico-lhe que tenha dó!
Sem alma me tenho só,
Revolto no meu pesar
Que forma triste as cores
E transforma as minhas dores
No negro de meu penar…
Nenhum calor me aquece,
Nenhuma lembrança me esquece,
Nenhuma paz me acalma;
Onde todo o nada é tudo,
Neste abismo sem fundo
Do vazio de minha alma.

Tal e qual

De flor em flor,
De ninho em ninho,
Buscando o amor
Em taças de vinho
Sofrendo essa dor
Tal qual passarinho
Que, sem calor
E sem carinho,
Ao se pôr
Revoar, sozinho,
Ausente de cor
Em seu caminho;
De puro pavor
Morre de espinho
Ai meu amor!
É triste a solidão,
Dói demais a minha dor
Ai minha linda flor!
Vivo feito beija-flor
Sofrendo a dor
De seus espinhos
Vivo feito beija-flor,
Sofrendo a dor
De seus espinhos.